


ROTA DAS JUDIARIAS

A ordem de saída dos judeus de Portugal no reinado de D. Manuel em 1496 é provavelmente o maior erro político da história de Portugal. Com presença em Portugal desde pelo menos o século 4 D.C. os judeus eram à altura actores relevantes da vida política, económica e científica em Portugal. Relevantes no suporte à estratégia e execução do plano que conduziu os descobrimentos, relevantes no tecido económico e financeiro, conhecedores e cultos, tinham uma importância subestimada na decisão da sua expulsão.
Os judeus de Portugal, como os judeus em Espanha, denominados de sefarditas, do hebreu Sefaradi (Iberia), transferiram o seu conhecimento e capacidade para diversos cantos do Mundo, Holanda, Bélgica, Inglaterra, Turquia, Norte de áfrica, que acolheram e beneficiaram de toda a sua capacidade.
Os judeus desenvolveram com mérito e reconhecimento desde a Idade Média, atividades várias e reconhecidas. Personagens como Pedro Nunes que foi um grande matemático; José Vizinho que aperfeiçoou o astrolábio náutico, aparelho para medir a posição das estrelas também médico de D. João II; Jehuda Cresques, reconhecido na construção de bússolas, Amato Lusitano (João Rodrigues de Castelo Branco) médico, Garcia de Orta, também médico ligado à medicina tropical, entre outros são exemplos de figuras que marcaram a sua época.
Em Portugal estavam integrados em diversas cidades e vilas do País. Dar a conhecer, partilhar e redescobrir a importância da herança judaica na região serrana do centro que faz parte da identidade coletiva desta região do ponto de vista cultural, histórico e social é o que propomos com o Roteiro das antigas judiarias!
Vestígios da permanência dos judeus existem por todo o país, desde a arquitetura ao urbanismo de cidades, vilas e aldeias, passando pela toponímia, Rua da Judiaria, Beco do Judeu, Travessa da Sinagoga, etc.
Durante a segunda guerra mundial, a região serrana voltou a receber os judeus perseguidos que chegaram a Portugal através da fronteira de Vilar Formoso, muitos com vistos passados pelo cônsul Aristides Sousa Mendes.
Belmonte, Castelo de Vide, Trancoso, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Fundão e Tomar são algumas das localidades onde ainda se podem ver marcas e inscrições simbólicas esculpidas nas casas das antigas judiarias e verificar traços de cultura e costumes judaicos.