ROTA DAS JUDIARIAS
BELMONTE
Belmonte
Um nome justificado! Linda vila que se estende num belo monte….
A história de Belmonte é associada a Pedro Alvares Cabral, o navegador descobridor do Brasil, onde nasceu tendo o seu pai sido o primeiro alcaide da vila.
Belmonte acolheu a última comunidade Cripto-Judaica da Península Ibérica. Esta comunidade não renunciou à sua fé judaica, mas, como não a podiam viver publicamente, recorreram à ocultação religiosa, surgindo assim o criptojudaísmo que manteve vivas as tradições judaicas dos cristãos-novos, descendentes do velho judaísmo português.
O património judaico é imenso, vai desde da Torre de Centum Cellas à Vila Romana de Fórnea, às casas da rua Direita onde se observam marcas judias no granito.
É obrigatório visitar o cemitério judaico, a Sinagoga Bet Eliahu e a judiaria que são ainda locais de culto e festividade para a comunidade Judaica. No museu Judaico pode apreciar muitas peças que aqui pode ver estiveram escondidas durante séculos devido às perseguições da Inquisição.
Quanto a gastronomia, esta comunidade segue a tradição kosher seguida pelos judeus. Traduzindo para português kosher, significa “adequado” ou “bom”, ou seja, tudo aquilo que é adequado para o consumo por judeus. As regras foram criadas em busca de uma alimentação mais pura e que nutra o corpo e a alma.
CASTELO DE VIDE
Castelo de Vide
Castelo de Vide é uma pérola na região do Alto Alentejo. Das muralhas do castelo as vistas são infinitas, daí pode ver toda a aldeia, o antigo burgo no seu interior continua a ser habitado. Ao fundo, o visitante pode admirar a planície alentejana – quilómetros intermináveis numa paisagem bastante semelhante à Toscana, com algumas grandes quintas de pedra, aqui e ali.
Castelo de Vide é conhecido principalmente pelo seu bairro judeu e pela sinagoga. Na encosta Norte, uma série de ruas estreitas delimitam o núcleo histórico da Judiaria, uma das melhor preservadas judiarias de Portugal. A Judiaria de Castelo de Vide é um dos exemplos mais importantes da presença dos judeus no nosso país, remontando ao século XIII, tempo de D. Dinis.
A sinagoga é a mais antiga de Portugal e possivelmente a mais antiga da Europa Ocidental. O exterior da sinagoga confunde-se com as casas vizinhas, mas no interior permanece o tabernáculo de madeira e o mihrab, além de um pequeno museu que narra a vida dos judeus na cidade.
No centro da vila, encontra-se a igreja principal, enorme, dominando o centro da cidade com as suas duas torres. Em Castelo de Vide, existem doze igrejas no total, o que é muito, se tivermos em conta o número de pessoas que lá vive (3.500).
Uma das mais interessantes para os caminhantes é a capela pertencente à Senhora da Penha, provavelmente datando de um antigo culto pagão. Pode subir-se até lá seguindo uma antiga estrada de calçada. Mais uma vez, encontrará uma vista de cortar a respiração.
Desde os tempos mais antigos, há vestígios da presença humana por estas terras, o menir da meada, necrópole megalítica dos coureleiros, construções de falsa cúpula, antas são um testemunho.
A natureza envolve a vila, observar aves raras, como a águia-de-bonelli o grifo, gaviões, águias cobreiras, peneireiros-cinzentos, milhafres e tartaranhões, é sempre uma possibilidade. Ver a cegonha-negra a sobrevoar o Castelo também é uma experiência ímpar. Mais por terra, encontram-se javalis e veados, e de forma mais comum o gato-bravo, a raposa e o coelho.
TRANCOSO
Trancoso
A cerca de 860 metros de altitude, entre a Serra da Estrela e o Vale do Douro, Trancoso viu fundado o seu castelo, nos séculos VIII-IX. Desde cedo que o então Rei de Portugal D. Dinis sentiu Trancoso como um lugar especial, celebrou aqui as bodas com D. Isabel de Aragão – a nossa padroeira Rainha Santa – ficando o acontecimento imortalizado com a construção da capela de S. Bartolomeu.
D. Dinis também mandou construir as muralhas que ainda hoje protegem a povoação e rodeiam esta vila medieval. Nestas muralhas conviveram cristãos e judeus.
A presença da comunidade judaica em Trancoso é anterior ao reinado de D. Pedro I, este monarca concedeu-lhe, em 1364, judiaria apartada. No século XV a população judaica cresceu e tornou-se mais numerosa que a comunidade da Guarda. Este facto é confirmado pela necessidade de os judeus tiveram em ampliar a sinagoga, o pedido foi efetuado ao rei D. João II em 1481. A presença judaica está patente na Casa do Gato Preto, na réplica de uma antiga sinagoga, no Centro de Cultura Judaica Isaac Cardoso.
Trancoso tem um dos mais expressivos Centros Históricos do país, visitado anualmente por muitos milhares de pessoas. Destacam-se, as Igrejas paroquiais de Santa Maria e de S. Pedro, a Casa dos Arcos, de séc. XVI, a Igreja da Misericórdia, a Casa do Gato Preto, um curioso edifício do antigo Bairro Judaico e o Pelourinho, estilo manuelino.
Muitas são as lendas e personalidades históricas que permanecem gravadas na memória coletiva de Trancoso. O caso de Gonçalo Anes Bandarra (1500-1556), sapateiro, poeta e profeta que foi responsável por continuarmos à espera que D. Sebastião apareça numa manhã de nevoeiro, imagem que transcende a imaginação quando olhamos para as Portas d’El Rei numa densa manhã de Inverno.
As belas paisagens naturais de Trancoso são complementadas pela riqueza do património! Sepulturas rupestres antropomórficas, que não nos deixam esquecer a história e um romântico parque municipal com mais de 40 espécies de arvores, entre as quais sequoias gigantes.
Quanto à gastronomia esta é rica e variada, castanhas, nozes, queijos, enchidos são produtos da terra. O ensopado de míscaros, as sardinhas doces de Trancoso, receita conventual do Convento de Santa Clara é impossível não provar.